A Florbela, em memória
Estimei tanto o amor, que me foi covarde
Que aperta-me agora o peito a dor selvagem
Transmutando-me prisioneiro da saudade
Atriz principal no palco de cruel montagem
Rasgando a cicatriz das antigas feridas
O sangue de pronto corre enraivecido
Resquício de tantas desilusões já vividas
Alma marcada, um coração tão sentido
A vida pontuada pela mais pungente dor
Das farpas pontiagudas do triste destino
Infeliz rima, andam unidos a dor e o amor
Não há paz benevolente na angústia sofrida
Dilacerado pelo amor, igual a um cruel felino
Penetro a madrugada que deve ser esquecida