quarta-feira, dezembro 21, 2011

Para Renata

És minha felicidade incontida
A razão de meu sorriso diário
Que me ensina a leveza da vida
Que me ensina a viver o momento


És a minha loucura variada
Louca amiga que me faz ser presente
Intensidade é teu modo de encarar o mundo
Imprevisível, tua forma de ser ao meu lado


És tanto que não tens medida
És sempre que não existe tempo
És sonho que se funde com o real


És a amiga com que conto a cada segundo
És a força que me faz ir em frente
És essência que permeia minh'alma.



segunda-feira, outubro 17, 2011

Amor, que te chamas dor

A Florbela, em memória

Estimei tanto o amor, que me foi covarde
Que aperta-me agora o peito a dor selvagem
Transmutando-me prisioneiro da saudade
Atriz principal no palco de cruel montagem

Rasgando a cicatriz das antigas feridas
O sangue de pronto corre enraivecido
Resquício de tantas desilusões já vividas
Alma marcada, um coração tão sentido

A vida pontuada pela mais pungente dor
Das farpas pontiagudas do triste destino
Infeliz rima, andam unidos a dor e o amor

Não há paz benevolente na angústia sofrida
Dilacerado pelo amor, igual a um cruel felino
Penetro a madrugada que deve ser esquecida

terça-feira, maio 03, 2011

Sentir

Compartilho da dor de todas as mulheres
Da dor da injustiça sentida em silêncio
Nas madrugadas de castigo e de solidão
Nos dias em que o mundo fica menos mundo

Choro as lágrimas de Marie, na busca insane pelo rádio
Sofro a angústia de Olga, arrastada à morte pela liberdade
Vivo a tristeza de Minerva, assassinada covardemente
Lamento a partida de Zuzu, um anjo amordaçado

Morre parte de mim na morte de cada mulher guerreira
No despedaçar de cada sonho interrompido
Morro na vida violentada sem direito à defesa

Minhas lágrimas fundem-se à lágrima feminina
Pranteada durante os anos, por toda a história
Lágrima que perdura insistente no olhar de cada mulher

domingo, março 13, 2011

Olhos azuis

Quis ver de perto esses teus olhos,
Simultaneamente profundos e tristes,
E te falar de uma saudade apertada
Que tem o azul da cor do mar

Quis compartilhar teus olhares serenos
A carregarem o peso do mundo
Na fé de um mundo que não existiu

Quis sentir a mesma tristeza que sentes,
Nos horizontes já comuns e ofuscados
Que se perdem no espaço descontínuo
De tantos sonhos riscados e rasgados

Quis viver a sensibilidade de teu jeito
E resgatar teus sonhos maltratados
Para construir a esperança de um novo mundo

Despedida

Era necessário que eu te abraçasse forte
Porque não podia ir-me sem ser despedida
E era tão importante para mim
Perceber que realmente acabou
Que tudo tem o seu fim
Era preciso convencer-me que teu riso
Não mais me acompanhará
E era essencial ainda que eu
Pudesse me despedir da parte de mim
Que ficou presa ao vento e ao mar
E não vai regressar
Se foi bom enquanto durou
O lampejo de uma lembrança
Que agora eu possa voar livremente
Pois não carrego comigo sequer
A culpa de quem nunca tentou
E se demorei tanto a ir
Não foi porque não devia
Foi porque ainda mantive a esperança
Teimosa e insana
Mas nem a esperança agora restou.

terça-feira, março 08, 2011

Para Florbela, sob a luz que se apaga

"Procurei o amor e ele me mentiu"
Florbela Espanca

Amor ingrato e até cruel
Lâmina insensível e fria
Ponta de lança em fel
Cresce na dor que cria

Ferro em brasa a marcar
O coração em carne viva
Que caiu no erro de amar
Flecha que no peito se criva

Esperança que cedo termina
Felicidade que se extemina
Sonho bom que logo desfaz

Sofre ainda dor da saudade
Amor, rei de toda a maldade
Esmaga o peito uma vez mais

Espectro sombrio

Se me restasse apenas uma hora de vida,
você abandonaria tudo para me ver?
Se eu tivesse que partir de repente,
você viria me dar o abraço final?
Se de mim restassem apenas pedaços,
você os juntaria?
Se eu tivesse que morrer amanhã,
me darias a mão para eu fosse em paz?

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Por tudo o que já foi

"Eu não consigo mais ficar sozinho aqui,
sem você é tão ruim"
Lobão, Pelo que for

Me abraça tão forte, me faz te sentir aqui
Me abraça apenas por tudo o que foi
E por agora que já não é mais
Eu nem sei
E talvez nunca soube
Eu nunca consegui acordar
Desse sonho que era tão bom
Do sonho que me fez acreditar
E aonde está você?
Minhas noites são tão escuras, agora,
E o vazio preenche o espaço de meu peito
Com a presença da ausência que você me faz


Sombras

As pessoas dormem, os anjos dormem,
Nada acontece, a não ser a solidão
E a madrugada é tão escura e fria
Mas estou aqui, eu sempre estive aqui

Não há sentido em se ter sentimentos,
A felicidade é tão efêmera que não há
Apenas surtos passageiros que se apagam
Instantaneamente, nas sombras da noite

Demônios inssurgidos na escuridão
Atormentam meu espírito solitário
E escarneiam de meu coração ferido

O Universo parece estar vazio
Meu grito dirige-se às estrelas, ao infinito,
Mas também as estrelas se apagaram

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Miragem na madrugada

Hoje a noite ficou impregnada com teu cheiro
Senti você espalhar-se pelo ar ao meu redor
Envolvendo-me em sua mais doce lembrança
Fazendo-me lembrar que um dia fui feliz

E era uma lembrança tão viva e tão ativa
Que não pode ter sido engano ou fantasia
Até tomei o mar por minha testemunha
Pois procurei o horizonte e só encontrei tua imagem

Aos poucos se esvaiu teu perfume
E teu reflexo mesclou-se ao azul do oceano
Tua presença transformou-se em ausência sentida

E agora me pego buscando o espaço vazio
Esperando ver você se materializar
Esperando que não seja apenas um sonho

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Agora que virei Orfeu

Che farò senza Euridice?
Dove andrò senza il mio ben?
Euridice! Euridice! Oh Dio! Rispondi!
Io son pure il tuo, fedele!
Euridice! Euridice! Ah! Non m'avanza
più soccorso, più speranza
nè dal mondo, nè dal ciel!
Dove andrò senza il mio ben?
(Che farò senza Euidice?, Christopher Gluck)


Felicidade que me foi arrancada
Dos braços em um cruel destino
Perdeu alegria a minha música
Perdeu sentido a minha vida

É doloroso aceitar a partida
É necessário descer ao submundo
E escutar o fantasma de Eurídice
Uma vez mais pronunciar - Adeus!

Abre-me as entranhas o fogo dessa dor
Aquebranta-me a alma minha tristeza
E nada abranda a verdade de sua falta

E agora que então eu virei Orfeu,
Condenado ao furor da solidão como castigo
Espero em silêncio as mênades me despedaçarem

terça-feira, fevereiro 08, 2011

De mal com o mundo

Sem você eu não sei seguir,
Não aprendi toda a lição
Da parte que falava de amor
Não prestei muita atenção
Na parte que tratava de desamar
Sonhei que o amor era eterno
Que o amor nunca se acaba
Mas parece que li o livro errado
Minhas anotações já são desatualizadas
O que aprendi é insuficiente
Não me ensinaram a conter a dor
Ou a disfarçar tua falta
Porque todo mundo me olha
E percebe que não te encontrei
E é tão claro, tão fácil,
Que nem precisa explicação:

Pois quando não estou bem contigo
Acabo ficando de mal com o mundo

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Tristeza

E vem, minha tristeza,
Já abri a porta, sentei à mesa,
E você pode entrar

Vem ser minha companhia
Estar comigo a cada dia
Não precisa esperar

O sol já surgiu no céu
Lágrimas sobre o papel
Da carta dela que recebi

Dizendo que ia embora
Que era nossa última hora
Que já não me quer mais

Então vem, minha tristeza
Já abri a porta, sentei à mesa,
E você pode comigo morar

sábado, fevereiro 05, 2011

Game over

E quando o amor acaba
As cores perdem sua totalidade
Os sons deixam sua harmonia
E o riso perde sua graça,
Se é que é possível ainda sorrir.

Os minutos parecem prolongarem-se
Na apatia que logo se instala,
No silêncio que se torna constante,
Na ausência que vira companheira,
Na tristeza que então alimenta
A dor de mais um coração partido.

sábado, janeiro 22, 2011

Apenas por teu sorriso

E perco noites de sono
Por madrugadas seguidas
Apenas para te sentir um pouco mais comigo
Apenas para ter teu sorriso e nada mais

E dizem que nem sou mais o mesmo
É que já há tanto de você em mim
Que carrego você comigo, o tempo inteiro
Apenas para ter teu sorriso e nada mais

E porque o tempo passa tão apressado
E cada segundo contigo é tão importante
Que acordo no frio da tempestade
Apenas para ter teu sorriso e nada mais

E levo no peito tanta saudade
E são teus olhos que vejo nos meus
Que atravessaria meses a fio
Apenas para ter teu sorriso e nada mais

domingo, janeiro 09, 2011

Astrônomos

É para poucos ouvir o silêncio das estrelas
No escuro da noite que cobre o horizonte
Pálidos pontos de luz e esplendor
Que são velados pelos amantes da esperança

Novos mundos revelados pela insistente vontade
De sondar um universo então inexplorado
Sorte que se lança na vastidão desconhecida
Luta inglória e desapercebida de um mundo que dorme

Atento à hora que se eleva na insônia de mais uma noite
A lua banha de admiração o filho das estrelas
Que se levanta em busca do brilho efêmero e evasivo

Com olhos errantes apontados em um teorema contemplativo
Espalham-se atentos à imensidão invisível acima de suas cabeças
A aventura de ouvir estrelas é para poucos.


Amor, apenas amor


Não sei quando nem onde
Nem em que curva da vida
Sua mão se soltou da minha
E de mim você se perdeu

Fiquei sem ter direção,
Deixando o vento me levar
Para o destino que não tenho
Abandonando para trás o sonho já destruído

Esqueci que eu ainda era capaz de sofrer
Arrisquei mais uma vez meu coração
E agora ele está em pedaços novamente

Traiçoeiro é o amor que se apodera
Do peito antes ferido e de novo o maltrata
Sem dó, dilacera e esquarteja a alma caída

17:17

Não fales que me amas 
Se irás negar-me o próximo segundo,
Deixando-me apenas sozinho

Não me abraces tão forte e apertado
Se me abandonarás em seguida,
Deixando-me apenas sozinho


Não me encantes com tantas palavras
Se irás esconder-me teu riso mais tarde,
Deixando-me apenas sozinho

Não me digas que sentes saudade
Se irás te ausentar daqui a um instante,
Deixando-me apenas sozinho 

Acredite, eu me iludo tão fácil
E acabarei sofrendo tanto
E morrendo com o tamanho desencanto
Se me tiras as asas que me destes
A apenas três minutos atrás