segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Por tudo o que já foi

"Eu não consigo mais ficar sozinho aqui,
sem você é tão ruim"
Lobão, Pelo que for

Me abraça tão forte, me faz te sentir aqui
Me abraça apenas por tudo o que foi
E por agora que já não é mais
Eu nem sei
E talvez nunca soube
Eu nunca consegui acordar
Desse sonho que era tão bom
Do sonho que me fez acreditar
E aonde está você?
Minhas noites são tão escuras, agora,
E o vazio preenche o espaço de meu peito
Com a presença da ausência que você me faz


Sombras

As pessoas dormem, os anjos dormem,
Nada acontece, a não ser a solidão
E a madrugada é tão escura e fria
Mas estou aqui, eu sempre estive aqui

Não há sentido em se ter sentimentos,
A felicidade é tão efêmera que não há
Apenas surtos passageiros que se apagam
Instantaneamente, nas sombras da noite

Demônios inssurgidos na escuridão
Atormentam meu espírito solitário
E escarneiam de meu coração ferido

O Universo parece estar vazio
Meu grito dirige-se às estrelas, ao infinito,
Mas também as estrelas se apagaram

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Miragem na madrugada

Hoje a noite ficou impregnada com teu cheiro
Senti você espalhar-se pelo ar ao meu redor
Envolvendo-me em sua mais doce lembrança
Fazendo-me lembrar que um dia fui feliz

E era uma lembrança tão viva e tão ativa
Que não pode ter sido engano ou fantasia
Até tomei o mar por minha testemunha
Pois procurei o horizonte e só encontrei tua imagem

Aos poucos se esvaiu teu perfume
E teu reflexo mesclou-se ao azul do oceano
Tua presença transformou-se em ausência sentida

E agora me pego buscando o espaço vazio
Esperando ver você se materializar
Esperando que não seja apenas um sonho

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Agora que virei Orfeu

Che farò senza Euridice?
Dove andrò senza il mio ben?
Euridice! Euridice! Oh Dio! Rispondi!
Io son pure il tuo, fedele!
Euridice! Euridice! Ah! Non m'avanza
più soccorso, più speranza
nè dal mondo, nè dal ciel!
Dove andrò senza il mio ben?
(Che farò senza Euidice?, Christopher Gluck)


Felicidade que me foi arrancada
Dos braços em um cruel destino
Perdeu alegria a minha música
Perdeu sentido a minha vida

É doloroso aceitar a partida
É necessário descer ao submundo
E escutar o fantasma de Eurídice
Uma vez mais pronunciar - Adeus!

Abre-me as entranhas o fogo dessa dor
Aquebranta-me a alma minha tristeza
E nada abranda a verdade de sua falta

E agora que então eu virei Orfeu,
Condenado ao furor da solidão como castigo
Espero em silêncio as mênades me despedaçarem

terça-feira, fevereiro 08, 2011

De mal com o mundo

Sem você eu não sei seguir,
Não aprendi toda a lição
Da parte que falava de amor
Não prestei muita atenção
Na parte que tratava de desamar
Sonhei que o amor era eterno
Que o amor nunca se acaba
Mas parece que li o livro errado
Minhas anotações já são desatualizadas
O que aprendi é insuficiente
Não me ensinaram a conter a dor
Ou a disfarçar tua falta
Porque todo mundo me olha
E percebe que não te encontrei
E é tão claro, tão fácil,
Que nem precisa explicação:

Pois quando não estou bem contigo
Acabo ficando de mal com o mundo

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Tristeza

E vem, minha tristeza,
Já abri a porta, sentei à mesa,
E você pode entrar

Vem ser minha companhia
Estar comigo a cada dia
Não precisa esperar

O sol já surgiu no céu
Lágrimas sobre o papel
Da carta dela que recebi

Dizendo que ia embora
Que era nossa última hora
Que já não me quer mais

Então vem, minha tristeza
Já abri a porta, sentei à mesa,
E você pode comigo morar

sábado, fevereiro 05, 2011

Game over

E quando o amor acaba
As cores perdem sua totalidade
Os sons deixam sua harmonia
E o riso perde sua graça,
Se é que é possível ainda sorrir.

Os minutos parecem prolongarem-se
Na apatia que logo se instala,
No silêncio que se torna constante,
Na ausência que vira companheira,
Na tristeza que então alimenta
A dor de mais um coração partido.