domingo, maio 30, 2010

Noite curta

Fostes estrela fugaz
Que se consumiu rapidamente
Com brilho tão intenso
Que ainda hoje se faz sentir
Fostes voz de meu sentimento
E portador da mesma tristeza
De quem contempla a vida imensa
Dentro de um único segundo
Poeta flamejante, de voz macia,
Fostes ao mesmo tempo luz e poesia
De uma juventude inteira, presente e futura
Cantastes o coração de uma nação
Brilhas agora no infinito
Com o resplendor de tua força
Livre de toda dor e lágrima
Justa recompensa a quem só cantou o amor.

A Cazuza, poeta maior de uma geração

sexta-feira, maio 28, 2010

Teorema

Descobri que o paraíso pode existir
Ainda que por poucos instantes
Em um beijo que eu roubei de ti

Esses momentos de tanta ternura
Jamais havia vivenciado antes
És tão sublime, beleza tão pura

Tu és meu mais doce teorema
Que encanta-me em contemplação
Na minha mais suave ilusão
Arrisco escrever-lhe um parco poema

Tingido com as fibras de meu peito
Contigo, minha vida, meu sal
Faço até um novo tempo verbal:
Meu presente mais-que-perfeito

terça-feira, maio 25, 2010

Saudade anunciada

A tantos estudantes que este ano se despedem. 


Enfim chegam ao terceiro
E logo não mais estarão
Conosco a cada dia, pois
Novos caminhos seguirão
É saudade que já se sente
Dentro do peito, apertada,
Uma saudade antecipada
Da separação anunciada
Eis que ensaiam novos vôos
Para tantos outros lugares
Que encontrem bom pouso
Em cada parada da estrada
Que levem sempre consigo
Um pedacinho desta estada
Que possa ser base firme
Para a futura caminhada
Aqui terão sempre apoio
Seja quais forem os destinos
Terão sempre a torcida
Carregarão toda minha esperança.





sábado, maio 22, 2010

De passagem

Afundo no sentimento
Para escrever esta poesia
Nascida no mar das palavras,
criada dentro do peito,
Filha do corpo e da alma.

Que traduza o íntimo de meu ser
Submerso em suas próprias fantasias
Indiferente às ânsias do meu ter
E despreocupada com o medo da morte certa
Ainda que cada curva seja incerta

Que seja perene dentro do coração
Pois é passageira da vida que passa
Mas que permanece para sempre
No tempo que um dia existiu.

(22/12/2000)

Saudade

Não precisa me lembrar
Que eu sou tão culpado
E que durante todo o tempo
Era eu quem estava errado

Apague as lembranças
e esqueça cada promessas
elas são apenas herança
De um tempo que já é passado

Nem precisa falar
Porque dói demais
Porque tudo já passou
E não quero mais
Pode ir embora, agora
Já é tarde demais

Eu sei que te perdi
Para todo o sempre
E sei que o tempo não volta atrás
E que qualquer palavra é vã

Não posso falar mais
As palavras não saem mais
De um peito vazio
Assim como você deixou o meu

Nunca fui pássaro
Mas aprendi a voar sozinho
O céu é meu limite
E o amor, meu fim.

(04/12/1997)

Monumento ao amor

Enquanto nos abraçávamos
sequestrados pelo sentimento
O tempo pediu licença
E naquele instante tudo parou

Para a eternidade
Aquela imagem foi esculpida
Formando um monumento,
Um monumento ao amor

E, assim eternecidos
No enlace unificador
Não percebemos que o mundo parou

Por um instante, fez-se silêncio
E nada mais foi importante
A única coisa importante é o amor.

(01/04/1997)

Queima, cosmo!


E porque hoje serei intenso
Em tudo, na vida,
Esquecerei do mundo,
Das dores e problemas
Perderei por hoje o senso
Para viver cada segundo

E, porque me descubro vivo
Aproveitarei cada molécula de oxigênio
A inflamar todo o meu peito
Para viver mil noites em uma
Com a força do desejo
De quem não teme o fim
De quem acredita em um novo começo

Terei forças para ir
Para onde tiver vontade
E não, não irei com sequer desespero
Ao fundo do poço
Pois que estou finalmente
Saindo do poço em que estava.

Ao cair da tarde, quando surge a noite

Ainda que soubesse como
Mesmo assim não te esqueceria
Não porque não quero
Mas porque assim morreria
No cair da tarde, em silêncio

Sufocado por meu pensamento
Saudoso de tua lembrança
Perdido na ausência de teu ser
Cego, na falta de tua luz
Inane, com o sumiço de meu próprio ser

Encerrarei-me no romper
Desta noite tão fria
Quando só solidão irradia
Quando a tua ausência é tão forte
Que meu prório espírito me abandona.

quinta-feira, maio 20, 2010

Teu sorriso sublime

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Pablo Neruda, Teu riso.

Descobri que sou dependente
Da sublimidade de teu sorriso
Que me embriaga suavemente
Envaidecendo-me como Narciso

Se teu sorriso de repente some
Sinto que as estrelas se apagam
Não sinto mais sede nem fome
Só dor e saudade se propagam

Quando sorris, sinto que há mais,
Que ali o mundo se transforma
Parece que o Universo fica em paz

Esse sorriso que tanto me aquece
Que minha vida toda reforma
Ilumina-me, é a luz que me apetece

terça-feira, maio 18, 2010

Sementes de chuva

Atiro-me no abismo
Que separa a loucura da razão
Lanço-me da ponte destruída
Pelo amor em desconstrução
Faço-me flecha que atravessa
O curto espaço da felicidade
Embalado pelos ventos da saudade
E embriagado pelo aroma que ascende
Desta terra encharcada por minhas lágrimas
De que me importa se o tempo avança
E se a maldade apresenta um futuro sombrio
Não deixaria de te seguir apenas por não te ver
Não deixaria de te amar apenas por não te ter.

Teu

Não é possível descrever-te em palavras
Quando palavras não são suficientes para te representar
Não é possível fazer um desenho teu
Quando não há traços suficientes para te resumir
Não é possível escrever-te uma música
Quando não existem sons tão suaves como tua voz
Não é possível lembrar-te nas flores
Quando até as flores invejam tua beleza
Não é possível enxergar-te na lua
Quando teu sorriso reflete luz muito mais brilhante
Não é possível ver-te em sonho
Quando já é um sonho estar acordado ao lado teu
Não possível comparar-te com outro amor
Quando não há outro amor além do teu.

domingo, maio 16, 2010

De um futuro incerto

Pra que ter medo do futuro?
Se o futuro é só uma possibilidade,
Se tudo ainda é tão incerto,
Ter medo não será apenas vaidade?

Se meus passos são ainda vontade
Se minhas palavras são somente imaginação
Se o que busco é minha felicidade
Como vou ter medo de tentar cada ação?

O certo é que tudo é incerto
De que na vida não podemos esperar
O coração deve estar desperto

Ao sucesso e fracasso deve viver
E não pode ter mais medo de errar
Não vence quem tem medo de sofrer